O arroz e o feijão podem ser a combinação mais tradicional do Brasil, mas, em 19 anos, as suas áreas plantadas caíram.
No período, o recuo da área de arroz foi de 43% e o de feijão, 32%. Ao mesmo tempo, a soja cresceu 108% e o milho, 63%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dois se tornaram líderes em área plantada no país.
Com a alta da inflação dos alimentos, surge a questão se o Brasil deveria plantar mais comida e menos grãos que viram ração de animais.
Mas isso não, necessariamente, tem relação com a queda da área. O arroz e feijão têm ficado mais barato. No acumulado dos 12 meses até fevereiro, o preço do arroz caiu 4% e o do feijão, 24,35%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).
Apesar da queda na comparação com 2006, desde a safra 2022/2023, as áreas plantadas de arroz e feijão não caíram mais.
A produção de arroz e feijão dá pouco lucro e custa caro. Por isso, muitos agricultores preferiram plantar soja e milho, que valem mais e são exportados.
A soja e o milho são commodities, ou seja, matérias-primas para a indústria, que são negociadas em bolsas de valores internacionais, em dólar, e exportadas como ração para animais de criação, como bois e porcos.
Já o arroz e o feijão são vendidos quase totalmente no Brasil. Seus preços variam de acordo com o tamanho da produção, procura e negociações entre agricultores e a indústria.
No caso do arroz, além da soja e do milho, a área plantada também deu lugar a pastos, afirma a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva.
(Por Vivian Souza. Foto: Divulgação/Embrapa)