O planeta Terra nunca esquentou tanto e tão rápido. E pior: podemos já ter passado de um “ponto sem retorno” no processo de aquecimento global, dizem cientistas.
Os números refletem esse discurso.
O ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5°C de aumento na temperatura média da Terra em relação aos níveis pré-industriais.
O Acordo de Paris, assinado em 2015, previa que esse patamar fosse atingido apenas em 2050. Apesar desse cenário potencialmente catastrófico, nem tudo é apocalipse.
O aumento crescente da temperatura significa muito mais do que a sensação de calor, mas o início de um efeito dominó, alertam pesquisadores.
“Se a gente ultrapassar esses pontos de não retorno, nós vamos jogar 400 a 500 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera. Não tem mais jeito de baixar a temperatura para [a meta de] 1,5°C”, Paulo Artaxo, cientista da USP.
Com o efeito estufa, seria o fim da vida como a conhecemos. E isso inclui a nossa espécie.
Mas o aquecimento global pode ser freado nas próximas décadas, desde que as emissões de carbono sejam zeradas no mundo.
Segundo cientistas, se isso acontecer até 2040, o aumento da temperatura média não passará de 2°C. Isso poupará vidas humanas e 25% da biodiversidade oceânica, por exemplo.
“Pelos dados dos últimos anos, vimos que a Amazônia foi um enorme absorvedor de carbono. E isso nos enche de esperança, porque isso quer dizer que, se é a ação humana que transformou a Amazônia numa fonte de carbono, basta parar de emiti-lo”, diz Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
(Raquel Arriola/Do UOL, em São Paulo. Imagem: Bruno Kelly/Reuters)