Em um estudo recente, que pode ser considerado transformacional, uma equipe de cientistas, liderada por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, apresenta uma terapia celular inédita para diabetes tipo 1 que pode eliminar a necessidade de injeções de insulina.
Publicada no New England Journal of Medicine, a pesquisa oferece uma esperança real para os mais de oito milhões de pessoas que vivem globalmente com essa condição, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, representando o que podemos chamar de cura funcional da doença.
Diferente do hormônio que precisa ser tomado antes de todas as refeições pelo resto da vida, o tratamento chamado zimislecel é administrado uma única vez. É como um “transplante microscópico” feito com infusão única de células pancreáticas (uma versão artificial das ilhotas de Langerhans).
Considerada um marco na medicina regenerativa, as células criadas a partir de células-tronco não são apenas “parecidas” com as ilhotas naturais, mas são indistinguíveis delas, segundo o estudo. E, uma vez no corpo, são funcionalmente idênticas, detectando glicose, produzindo insulina e regulando hormônios.
Como essa insulina não é sintética, mas sim produzida pelo próprio organismo da pessoa, isso significa que o corpo volta a funcionar como se nunca tivesse tido diabetes. Um ano após o tratamento, 10 dos 12 participantes não precisavam mais de insulina suplementar.
Em entrevista à CNN Brasil, a médica Andressa Heimbecher, doutora em Endocrinologia pela Universidade de São Paulo (USP), avalia que, apesar de estar na fase 2 e ainda com poucos pacientes, a expectativa é de que em cerca de 10 anos tenhamos uma terapia segura, replicável e em escala planetária.
(CNN Brasil/Jorge Marin. Foto: Vertex Pharmaceuticals/Divulgação)