Sábado, 26 de julho de 2025
Redenção

Vestígios reforçam a presença de indígenas isolados em terra protegida da Amazônia

Um casco de tartaruga caçada à mão e uma vasilha de cerâmica: esses vestígios materiais simples, encontrados há três anos, são os últimos rastros conhecidos de povos indígenas isolados em Ituna/Itatá, na Amazônia Legal.

O Brasil possui evidências da existência de povos sem contato com a sociedade nessa terra indígena do Pará, com tamanho semelhante ao da cidade de São Paulo.

Ituna/Itatá é protegida por uma portaria provisória contra a destruição florestal, mas organizações indígenas pedem ao governo mais expedições em busca de vestígios para confirmar a presença de povos isolados, o que permitiria ao Estado demarcar definitivamente a área para a preservação florestal.

Na terra indígena vizinha, Koatinemo, cerca de 300 habitantes do povo Asurini vivem em casas de madeira e palha de Ita’aka. Eles relatam encontros com grupos isolados que vivem na região de Ituna/Itatá.

“Minha cunhada me disse: ‘Está ali, está ali!’. Era um rapazinho que estava me olhando bem de pertinho, ele era do tamanho desse pé de banana”, contou à AFP Takamyí Asurini, um idoso que leva nas costas a cicatriz de uma flecha que diz ter sido lançada pelos isolados.

Autoridades prorrogaram em 18 de junho uma portaria provisória que restringe desde 2011 o acesso a Ituna/Itatá, para “garantir a proteção integral dos territórios com presença de povos indígenas isolados”.

As evidências em Ituna/Itatá incluem desde avistamentos a partir dos anos 1970 até descobertas arqueológicas que indicam a presença de indígenas sem contato ao menos desde 2009, segundo a ONG Burness, que apoia os esforços para uma demarcação definitiva do território.

(G1/PA/Por Carlos Fabal, Facundo Fernández Barrio. Foto: Carlos Fabal/AFP)