Nos últimos 10 anos, as principais bacias do país passaram mais tempo secas do que cheias. E isso escancara uma vulnerabilidade no nosso sistema elétrico: o modelo que faz a previsão dos reservatórios não é atualizado há décadas e por causa disso não leva em consideração as mudanças climáticas.
A falta de previsibilidade dos recursos é um fator que pode agravar a crise de energia, de acordo com especialistas.
O cenário de estiagem prolongada se repete em diferentes regiões, mas a análise do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) obtidos pelo g1 com exclusividade mostra que nas bacias hidrográficas mais estratégicas do país — como Paraná, São Francisco e Tocantins — a última década foi marcada por uma sequência de secas cada vez mais severas.
Essas bacias atendem as principais hidrelétricas nacionais como Furnas, Sobradinho, Porto Primavera, Itaipu, Rosana, Tucuruí, Serra da Mesa e Três Marias.
Quem estima a capacidade de geração das hidrelétricas, responsáveis por cerca de 60% da energia no Brasil, é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Seu sistema olha para o passado para entender o que vai acontecer no futuro. E isso funcionava até dez anos atrás. No entanto, agora, as projeções acabam não identificando o problema.
Isso porque o ONS ainda baseia suas previsões em parâmetros de probabilidade que são estimados a partir de séries históricas e desconsidera a previsão dos efeitos do aquecimento global e das alterações no regime de chuvas.
(Por Poliana Casemiro, g1. Foto: reprodução/CNN Brasil)