Documentos obtidos pelo Jornal Nacional mostram que, mesmo depois das denúncias, o INSS ignorou normas internas e autorizou que sistemas paralelos fizessem descontos em massa nos benefícios.
Julho de 2024. O INSS já havia determinado que as autorizações para os descontos só fossem formalizadas com assinatura eletrônica avançada, com sistemas do governo, e biometria dos beneficiários.
A ANDDAP – Associação Nacional de Defesa do Direito dos Aposentados e Pensionistas – nunca havia descontado mensalidades de beneficiários do INSS. Naquele mês, usando uma brecha do próprio INSS, conseguiu filiar mais de 184 mil pessoas. Como? A associação usou um site de assinatura virtual simplificada para incluir os descontos. A página foi elaborada especificamente para a associação, de acordo com o site. A mesma ferramenta foi usada por pelo menos outras três associações, que já faziam descontos em massa antes da norma do INSS. A Amar Brasil ABCB filiou, em dezembro de 2024, 39 mil novos beneficiários. A Masterprev filiou mais de 15 mil pessoas em julho.
Na internet, há centenas de reclamações contra os descontos dessas entidades. Também há processos na Justiça. Segundo o INSS, na plataforma criada para que os segurados contestem os descontos, mais de 99% das respostas sobre essas entidades afirmam que não autorizaram os descontos.
A aposentada Maria das Graças afirma que nunca autorizou os descontos. Entrou na Justiça e conseguiu suspender os repasses:
“A situação agora está: suspenderam os descontos, mas não sabemos quando vou receber de volta o dinheiro que eles descontaram. E se vão pagar”.
(Por Jornal Nacional. Foto: CNN Brasil)