Há cinco dias Yape Rê Anambé Guajajara, 17 anos, entrou na sala de parto do Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá para dar à luz pela primeira vez. A criança nasceu, sobreviveu e está saudável, mas não será criada pela mãe. Yape Rê teve convulsão e parada cardíaca durante o parto, chegou a ser transferida para o Hospital Regional do município, mas morreu na manhã de domingo (22).
Durante o período em que ficou internada na UTI no Hospital Regional, Yape Rê ficou inconsciente e perdeu muito sangue. Contudo, para Luciane Nascimento Anambe, sua mãe, o HMI é o verdadeiro responsável pela morte precoce da filha. De acordo com o relato dado à Polícia Civil no domingo, Luciane diz acreditar que houve negligência da maternidade.
A mãe de Yape Rê contou que enquanto esteve acompanhando a jovem, ouviu os médicos discutindo sobre a situação da filha. “Um disse que era para fazer logo a cesariana, enquanto outro disse que o parto deveria ser natural”, descreve o relato.
Regilane Guajajara, tia de Yape Rê, também afirma que a morte da jovem é de responsabilidade do HMI, e que este não é o primeiro caso de negligência obstétrica registrado na casa de saúde.
Na tarde desta segunda-feira (23), uma nota oficial foi divulgada no site da Prefeitura. Nela, é descrito que Yape Rê estava grávida de 41 semanas e foi internada no Hospital Materno-Infantil de Marabá (HMI) no dia 16 de junho, fora de trabalho de parto e com hipertensão leve.
A indução foi iniciada no mesmo dia, e, durante o parto, em 17 de junho, a paciente sofreu um episódio de eclâmpsia. Apesar do nascimento do bebê ter ocorrido sem complicações, a indígena teve duas paradas cardiorrespiratórias no pós-parto.
(Correio de Carajás/Chagas Filho e Luciana Araújo. Foto: Nunes Photo/Instagram)