Segunda-feira, 21 de julho de 2025
Redenção

COP30: governo e hotéis vivem impasse sobre preços

Uma suíte em Belém por R$ 6.500 a diária. Um apartamento de um quarto anunciado por R$ 1 milhão para apenas 11 noites. E uma casa simples no bairro nobre de Batista Campos avaliada em R$ 1,21 milhão para o mesmo período.

Esses são apenas alguns dos valores cobrados por hospedagens na capital do Pará durante a COP30, preços que chamaram atenção até de delegações internacionais.

Enquanto isso, hotéis bem avaliados em Nova York, uma das cidades mais caras do mundo, oferecem diárias entre R$ 250 e R$ 500 por noite para o mesmo período, de 10 a 21 de novembro.

A comparação entre os dois cenários ajuda a dimensionar a crise que se instalou em torno da COP30, a maior conferência climática do planeta, prevista para novembro deste ano em Belém.

Três meses após o anúncio de um acordo para tentar conter os preços, o governo federal ainda não conseguiu tirá-lo do papel.

A proposta segue sem assinatura, mesmo após sucessivas reuniões e mobilizações internas para tentar conter a escalada das diárias em Belém.

Entenda a crise, em linhas gerais:

Diárias com preços muito mais altos que o normal: hotéis e imóveis em Belém estão cobrando até R$ 6.500 por noite durante a COP30 – valores até cinco vezes maiores do que o normal e que superam até os praticados em cidades como Nova York.

Acordo federal travado: mesmo anunciado em abril, o termo que buscava regular os preços segue sem assinatura, por falta de consenso com o setor hoteleiro e plataformas como Booking e Airbnb.

Crise virou tema internacional: durante reuniões da ONU em Bonn, delegações estrangeiras relataram dificuldade de participar da COP30 por causa dos custos e pediram providências urgentes ao Brasil.

Governo do Pará tentou alternativa: estado fechou um acordo com hotéis para garantir 500 quartos com diárias entre US$ 100 e US$ 300, mas parte das acomodações fica em cidades distantes do centro de Belém.

Senacon notificou hotéis e sindicatos: ao menos 24 estabelecimentos foram cobrados a explicar os aumentos, mas entidades do setor reagiram com críticas e se recusaram a entregar os dados solicitados.

(Por Roberto Peixoto, g1. Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Brasil)