Sábado, 26 de julho de 2025
Redenção

Brasil tem 2ª maior reserva de terras raras, mas engatinha na exploração

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo, atrás apenas da China. É uma riqueza estratégica, com potencial de impulsionar a transição energética e a indústria de alta tecnologia — e que, não por acaso, despertou o interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Mesmo com essa vantagem geológica, o Brasil ainda está longe de explorar plenamente seu potencial. Boa parte das terras raras extraídas no país continua sendo exportada em estado bruto, sem processamento ou agregação de valor.

Enquanto isso, a China domina o refino dos minerais e os EUA pressionam por acesso a fontes alternativas, mirando o subsolo brasileiro.

O alerta mais recente veio na última semana, quando o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, reafirmou em reunião com empresários o interesse direto do governo Trump nos minerais críticos e estratégicos brasileiros — como as terras raras, o lítio, o nióbio e o cobre.

O recado foi interpretado como mais uma peça no tabuleiro da tensão geopolítica, acirrada após o anúncio do tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto.

O que são terras raras?

As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, geralmente misturados a outros minérios e de difícil extração. Apesar do nome, não são necessariamente raros — mas são difíceis de isolar em alta pureza, o que torna o processo caro e complexo.

Esses minérios são indispensáveis para a produção, por exemplo, de:

Turbinas eólicas

Motores de carros elétricos

Chips de computadores e celulares

Equipamentos médicos de ponta

Satélites, foguetes e mísseis

Dispositivos eletrônicos de última geração

 

Por isso, estão no centro da economia do século 21 — e também de disputas geopolíticas cada vez mais acirradas.

Brasil tem o subsolo, mas ainda não tem a indústria

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui cerca de 21 milhões de toneladas de terras raras — o que o coloca como o 2º maior detentor global, atrás apenas da China, que além de ter reservas, domina a tecnologia de beneficiamento e refino.

Hoje, o Brasil exporta principalmente matéria-prima bruta. Sem tecnologia de refino instalada em escala industrial, o país perde valor ao longo da cadeia e se mantém como fornecedor periférico, mesmo diante da crescente demanda global.

(Por Mariana Assis, g1 — Brasília. Foto: Arte/g1)